quinta-feira, maio 04, 2006

RIP
Este blog fica, definitivamente, por aqui...

[a gerência passa a responder no novo endereço: eMOLESKINE]

quarta-feira, maio 03, 2006

Debate sobre Civilização: o humor


God bless humor!

sexta-feira, abril 21, 2006

A lei imaterial (marxista e desordeira) da atracção

As ideias puxam-se, sem reconhecimento de propriedade e sem respeito hierárquico pela cabeça donde saem, umas pelas outras, por estranhos meios, sem serem formalmente apresentadas...

[Democratas liberais e conservadores de todo o mundo, uni-vos!]
Tariq Ali

O meu amigo Ad Al Berto Mustafa - acreditem os poucos leitores que aqui passam - é boa gente, bem formado e informado, mas, infelizmente, e estas desgraças tocam a todas as famílias, é irremediavelmente de esquerda num Mundo onde a esquerda é anti-nova e ultra-nova. É anti-nova porque desenvolveu uma curiosa adulteração do prefixo neo que aplica atrás de tudo o que pretende denegrir (da mesma forma que a velha esquerda chamava de fascista tudo o que o não fosse socialista): veja-se a forma como falam de conservadores e liberais chamando-lhes neoconservadores e neoliberais, mesmo que estes continuem, como bons conservadores, estoicamente velhos! Isto, ao mesmo tempo que se reunem à volta das new left e das nouvelle gauche.
Ora o Ad Al Berto resolveu mobilizar, como exemplo de um "árabe gigante", o paquistanês Tariq Ali. Eu hesitei. Confesso que nem soube por onde começar para responder a convocatória de tão inefável criatura, mas depois lembrei-me deste artigo do João Pereira Coutinho, e considero a resposta dada.
[em simultâneo no EpiCurtas V Anarquista]

quinta-feira, abril 20, 2006


Os Centros de Formação de gestão directa do IEFP empreenderam, recentemente, uma desenfreada oferta de formação para desempregados. De entre a oferta, os cursos EFA (Educação e Formação de Adultos) que conferem habilitações escolares aos formandos (B2 e B3 é a designação, respectivamente, para o 6º e o 9º ano), ocupam a maior fatia. Segundo julgo saber, frequentador de formação do IEFP a receber bolsa de formação é desempregado com a condição oficialmente suspensa. Ora, a ser assim basta multiplicar os cursos de formação que iniciaram o mês passado por todo o país por 13 ou 14 (número médio de formandos por turma), utilizar este valor para denominador de uma fracção que tem como numerador o número de desempregados inscritos e oficialmente considerados, multiplicar por 100, e devemos chegar perto do valor da redução do desemprego anunciada.


O mal
[em simultâneo com o Epicurtas v Anarquista]
Um Estado que: (i) desenvolve um programa nuclear contra todas as recomendações da comunidade internacional, (ii) defende a aniquilação do estado de Israel, (iii) alimenta relações próximas com organizações como o Hammas e o Yezbollah e (iv) demonstra um absoluto desprezo pelos outros, pelas suas convicções e pelo seu modo de vida e, em consequência disso, defende o seu extermínio é, aos olhos da minha civilização, uma profunda ameaça não só regional, mas planetária, que tem, mais uma vez aos nossos olhos, de ser parado.

É claro que podemos sempre ver as coisas de outra forma.

Podemos pegar no adufe e entoar lindas cantigas sobre a grandeza do Império Persa. Podemos ir a Porto Alegre lastimar a vida miserável da larga maioria dos iranianos e assacar a responsabilidade desse facto aos Estados Unidos. Podemos, na aula magna da reitoria da Universidade de Lisboa, fazer um comício dos tempos modernos e criticar a “sinistra” real politik norte americana; amplificando ad nauseum o que nos interessa e escamoteando tudo o resto. Podemos ligar a Avenida da Liberdade à Embaixada dos Estados Unidos com um gigantesco cordão humano de gente solidária, vestida de branco, em silêncio, num apelo à “Paz” ou, então, gritar freneticamente os maiores impropérios que nos ocorram à porta da mesma embaixada queimando bandeiras norte americanas e fotografias do George Bush.

Sobre as atrocidades da guerra, o esforço necessário para a evitar e a ignominia da mesma é evidente que estamos de acordo, mas a ser inevitável, prefiro que ela decorra no território do inimigo, do que acordar um dia pela manhã (ou, eventualmente, pura e simplesmente não acordar) com a notícia internacional mais indesejável de todas!

terça-feira, abril 18, 2006

O EpiCurtas que não tem passado por cá, tem estado no ringue EpiCurtas Vs Anarquista.
Num combate sem tréguas com a esquerda!!!

quarta-feira, abril 12, 2006

A Europa Europeia
(resposta a Rui Pena Pires e ao seu post A Europa branca)

[em simultâneo com o EpiCurtas v Anarquista]

Nada contra a Europa “crioula” e, definitivamente, em completo desacordo com essa história da Europa “branca”. Mas pensar que a Cultura não é coisa que também se transmite “guardada no baú do enxoval” e de “geração em geração”, crendo, unicamente, que esta se resume a “um conhecimento que se aprende” (o que quer que isto queira dizer!) é das afirmações mais falaciosas e, sobretudo, ideologicamente marcadas que, sobre este tema, se pode fazer. Tão ideológica como a da “Europa branca”.

Mas o texto do Rui Pena Pires tem, para lá desta pequena artimanha ideológica, mais três pontos de interesse, dois que são ditos e um que não é dito, mas devia ser: (i) um equívoco (dito), (ii) uma estranha afirmação (dita) e (iii) um conveniente esquecimento (não dito, portanto).

(i) o equívoco – que é, em boa verdade, mais um paradoxo – prende-se com a construção da Identidade nacional. As Identidades, sejam lá elas quais forem, assentam em três pilares essenciais, que de um modo grosseiro, podem ser definidos assim: quem somos e o que é que nos caracteriza mais fundamentalmente?; o que é que dá consistência ao nosso percurso enquanto grupo, donde vimos e para onde vamos?; e de quem é que nos distinguimos? Ora, este último aspecto é inexorável e, quer o Rui Pena Pires queira quer não, a construção identitária das nações responde com “os estrangeiros” a esta última questão. Bem sei a fragilidade que o cosmopolitismo de alguns grupos sociais conferiram a esta coisa das fronteiras, mas também sei, e o Rui Pena Pires também sabe, mas parece esquecer, que há os outros, aqueles que são mais sensíveis a esta coisa dos “outros” de outras raças e/ou de outras nações. E eu não creio que a coisa lá vá por via da Educação das massas por parte do paternal Estado-Providência. No fundo o problema é bem mais complexo que o aparente diagnóstico e a receita é, indubitavelmente, mais complexa que a mera prescrição de “Europas Brancas” ou de “Europas crioulas”

(ii) a estranha afirmação tem a ver com a defesa da rápida nacionalização e europeização dos estrangeiros! Em primeiro lugar porque alguns dos “estrangeiros” são, também eles, europeus, e este aparente esquecimento é sintomático, mas muito mais estranho que isso é a propensão para o “tratamento” cultural que Rui Pena Pires parece propor para esses Bijagós das Africas selvagens! É que a minha ideia de Europa, e eu é que sou de Direita, é muito mais aberta à diferença. Não me passaria pela cabeça quer europeizar um africano ou um asiático. E isto lança-nos para o último ponto…

(iii) o conveniente esquecimento. É porque se não me passa pela cabeça europeizar um africano ou um asiático, também não admito que, ecoando de onde quer que seja, me venham forçar a abdicar de alguns dos pilares mais essenciais da minha civilização, como a liberdade de expressão (para dar o exemplo mais recente). E sobre isto, o Rui Pena Pires tão preocupado com a Europa e a sua identidade, não diz uma palavra. Não diz uma palavra sobre todos os europeus que pedem desculpa ao mundo por serem herdeiros de uma civilização que, até prova em contrário, se mostra, apesar de todos os defeitos, muito mais tolerante, solidária e livre que a maior parte das outras.

sexta-feira, abril 07, 2006

O despudor não tem limites!
Via A Fonte tomei conhecimento desta notícia:
Assim, o vice-presidente da ANIF defende que em vez das maquinas digitais, o Governo deve pedir ao cidadãos que recorram as lojas de fotografia e façam fotos tipo passe em formato digital para depois entregar nos registos e nas Lojas do Cidadão quando fazem o cartão único.
A quantidade de corporativistas que pululam ainda hoje na sociedade portuguesa deve fazer o AOS, lá no Vimieiro, sorrir na cova!


quinta-feira, abril 06, 2006

Graças ao pequeno Afonso, que anda, por estes dias, megulhado na obra genial do Jim Henson (The Muppet Show, o verdadeiro!), relembrei esta música do Elton John:
Goodbye Yellow Brick Road
[Musica de Elton John, Letra de Bernie Taupin, Album: Goodbye Yellow Brick Road]
When are you gonna come down
When are you going to land
I should have stayed on the farm
I should have listened to my old man
You know you can't hold me forever
I didn't sign up with you
I'm not a present for your friends to open
This boy's too young to be singing the blues
So goodbye yellow brick road
Where the dogs of society howl
You can't plant me in your penthouse
'm going back to my plough
Back to the howling old owl in the woods
Hunting the horny back toad
Oh I've finally decided my future lies
Beyond the yellow brick road
What do you think you'll do then
I bet that'll shoot down your plane
It'll take you a couple of vodka and tonics
To set you on your feet again
Maybe you'll get a replacement
There's plenty like me to be found
Mongrels who ain't got a penny
Sniffing for tidbits like you on the ground

segunda-feira, abril 03, 2006

PONTA SUL: Os números da sorte para esta semana
723
11
67
1

sexta-feira, março 31, 2006

Trabalhadores e Sindicalistas (inspirado no Empresários e Capitalistas, no Canhoto)

1. Embora muitas vezes confundidos, não são o mesmo. Trabalhador é aquele agente económico que, com a sua “mão-de-obra” (física e/ou intelectual), ajuda a desenvolver empresas e a criar riqueza. Ou seja, é alguém cujos ganhos resultam de uma actividade levada a cabo por conta de outrem que cria riqueza e pelo qual se vê remunerado. Sindicalista é aquele que ganha com as dificuldades dos trabalhadores, sobretudo quando, em nome da defesa dos interesses dos trabalhadores, ganha com os resultados dos ganhos dessa actividade e com a manutenção de um certo status qou. Em alguns casos as funções trabalhadora e sindicalista combinam-se numa mesma pessoa…

2. Em Portugal, há muitos exemplos típicos de sindicalistas profissionais que já se esqueceram do que é ser trabalhador. Seja-se ou não de direita, é indiscutível que os sindicatos se transformaram em organizações arcaicas, arcaízantes e fortemente inibidoras de reformas estruturais.

[em simultâneo no Epicurtas V Anarquistas]

quinta-feira, março 30, 2006

Fight club
Comecei por assinar neste blog como Tyler Durden. Depois perdi a vontade de alimentar esta faceta combativa, mas, convenhamos, o que é demais é demais. Tenho vindo a ser, de há uns tempos a este parte, provocado na caixa de comentários por um amigo esquerdista: o Bibliotecário Anarquista. E tenho evitado a todo custo responder-lhe. Para mim chega! De ora em diante o clash of titans segue no Epicurtas v Anarquista.

quarta-feira, março 29, 2006

Cães danados!

Estava eu todo contente com o "encerramento" da tese de mestrado e vem, na caixa de comentários do post aqui de baixo, o digníssimo orientador da tese publicitada lembrar o resto do sofrimento que ainda me falta. Ora nem a propósito... passei a manhã a receber congratulações de amigos, mas tive o cuidado de, a cada uma delas, responder com a lacónica frase: "obrigado, mas ainda falta o tete-a-tete com os cães danados!" É que consta que os júris são criaturas ferozes; e a fazer fé na frase do único elemento desse júri que tenho por certo - "encerrada? e o resto do sofrimento?" - deverão ser...

Mas cada coisa a seu tempo... Até porque isto é como no futebol. No dia do jogo posso levar uma cabazada, mas até ao jogo ninguém me há-de calar!!! Porque essa diversão e, neste caso, satisfação ninguém ma tira!

Nem estes senhores da fotografia!

terça-feira, março 28, 2006

Encerrada em .pdf e entregue na secretaria!

PONTA SUL: O Rei!

segunda-feira, março 27, 2006

O cinéfilo machista: Ora aqui está um filme em condições!

quarta-feira, março 22, 2006

A ler, nos Canhões de Navarone. Sobre o conformismo irresponsável do português. O Estado não como o grande irmão, mas como o omnipresente pai. O Estado "protege", o Estado "castiga", o Estado "esclarece", o Estado "financia", o Estado "proporciona", o Estado "sonega", o Estado "prejudica", o Estado tudo!!!!!! E os cidadãos nada!!!! Será por isto que temos gente de 30 anos ainda a viver em casa dos pais? Pobre país o nosso.

quinta-feira, março 16, 2006

PONTA SUL: Antevisão!

PONTA SUL: Números
Nos últimos 11 jogos (9 para a Liga e 2 para a Taça) o Sporting somou 10 vitórias, 1 empate, 21 golos marcados e 4 golos sofridos. É só para informar os mais desatentos...

PONTA SUL: Bom-dia, Guimarães!

terça-feira, março 14, 2006

Organizational Behaviour, #3
Se não lhe apetece trabalhar e precisa tempo livre, durante o horário de expediente, para fazer outras coisas, escreva um memorando para ser lido por alguém de um departamento diferente do seu. Certifique-se que o memorando segue o fluxo normal, com estrito respeito pelas hierarquias. Daqui a 3 meses, quando tiver a resposta, repita a operação, desta vez solicitando um esclarecimento. Use buzzwords. Fale em objectivos estratégicos e operacionais, fale em PDCA, fale em Política de Qualidade, mas não faça nada enquanto não o mandarem fazer...

Organizational Behaviour, #2
Quando a equipa que coordenamos, por alguma razão, não responde aos desafios imediatos devemos evitar identificar os problemas que subjazem ao atraso. Toda a gente sabe que problemas atraem problemas. Devemos, com ar de professora do 1º ciclo, e sorriso apatetado, bater palminhas e dizer: "vá lá, meninas! temos que cumprir o objectivo." As equipas têm uma impressionante capacidade de auto-organização e improviso.

Organizational Behaviour, #1
Quando os colegas ou os subordinados não respondem adequadamente às nossas aspirações deveremos cuidar, ou encarregar alguém que o faça, de espalhar sal debaixo da secretária de quem queremos alterar o comportamento.

sexta-feira, março 10, 2006

O “anel de sinete” e a aristocracia bufa!, 2
[“carta” aberta ao Francisco]
Caro Francisco,
Não iludas e, sobretudo, não reduzas a tão nobres e desinteressadas intenções a utilização do “sinete”. Eu sei que essa do “não desagradar quem mo ofereceu” é corrente. Mas não creio que muitas dessas mesmas pessoas – preconceituoso, por preconceituoso, vou levar a coisa até ao fim – tenham lá em casa, em cima do aparador do IKEA, o galo de Barcelos que a tia lhe trouxe quando foi ao norte, ou que usem aquela camisola inacreditável que a avó lhe deu nos anos. Mas isso é irrelevante. Quando te peço para não iludires e não reduzires a tão nobres e desinteressadas intenções a utilização do “sinete” é porque sei que sabes – eu pelo menos sei, porque já vi – que a utilização do tal “sinete” é, na larga maioria dos casos, a utilização de um signo de distinção. Uma forma que o seu portador tem de se destacar do resto “do seu povo”. Uma distinção que é, tantas vezes, incentivada pelos familiares que lhos oferecem e que, por via deles, ascendem, ou aspiram a ascender, socialmente. Quando dizia que compreendia sociologicamente o fenómeno, queria dizer que isto é normal. Mas quando dizia que o fazia com comiseração, queria dizer que o lamento. E sabes porque é que o lamento? Eu sei que sabes, porque tu, com toda a certeza, também o lamentas. Lamento-o porque não gosto de ver “nharros” – para utilizar a tua expressão – a exigirem, num exercício de sobranceria inadmissível, o tratamento de “doutor” a torto e a direito. Lamento-o porque não gosto de ver pessoas a admitirem essa sobranceria. Lamento-o porque o valor das pessoas não está nem na família de origem, nem na licenciatura que têm e, portanto, todos os mecanismos para fazer valer uma destas me revolvem as tripas. E, de resto, se bem notaste, o que lamentava era sobretudo o facto da Universidade não ser capaz de deitar por terra essa coisa do sentimento de “ascensão ao Olimpo” pelo mero e trivial facto de se concluir uma licenciatura.

Não é, portanto, o “sinete” académico ou aristocrático em si. É o que subjaz, na maioria dos casos, à sua utilização. Porque quanto a gostos, cada um tem os que tem!

Valente abraço,
pgs

PS - Bem sei, bem sei... O nosso almoço. mas a vida não tem sido nada fácil!

Por falar em Ruralidade, 6 [Correio]
A minha amiga TG enviou o seguinte e-mail.

Andava eu pela Fnac, quando subitamente, deparei com o seguinte livro “cozinha rural”…
O dito propõe ensinar a cozinhar verdadeiras refeições rurais, e o que é isso? Bom, ao que parece, depois de uma vista de olhos muito rápida, é uma cozinha “autêntica”, confeccionada com produtos da terra (talvez apelando á tal agricultura de subsistência …) e em bom português, do estilo “enfarta brutos” – para que as memórias e hábitos rurais (ditos mais saudáveis) estejam presentes no nosso quotidiano, pelo menos, ás refeições.

quarta-feira, março 08, 2006

Dia da Mulher (actualização - recebido por e-mail)
Do lado de cá...

Female Genital Mutilation
Informação por países: http://www.amnesty.org/ailib/intcam/femgen/fgm9.htm

O dia da Mulher (editado)
Cheguei há pouco de um restaurante onde era o único homem. Fui almoçar com a minha mulher e notei que, à nossa volta, vários grupos de mulheres se tinham juntado para celebrar - foi o que depreendemos - o dia da mulher. Mas, infelizmente, não creio que este dia seja um dia de festa. Sê-lo-á, possivelmente, para aquelas mulheres que, sem homens a controlá-las, livremente tinham ido almoçar com as amigas e pago o almoço com o seu dinheiro, ganho no exercício de uma profissão por que lutaram. Mas este dia, mais que os outros dias da mulher dos últimos anos, é um dia de pesar. É um dia de profunda consternação. Porque alguns dos que durante anos e anos nos andaram a zurzir – a nós que não gostamos destes dias oficiais – sobre a necessidade de defender os direitos das mulheres, são alguns dos que, recentemente, nos zurziram quando defendemos a publicação dos cartoons sobre o Maomet. São os mesmos que nos vieram, de dedo espetado, falar da necessidade de compreender as diferenças e de respeitar as crenças dos outros. Logo a nós! São os mesmos que vieram, cuspindo em alguns dos pilares mais fundamentais da civilização ocidental, defender o Islão! A esses, sobretudo em nome das mulheres do Islão, dedico as fotografias em anexo. Porque, aparentemente, se terão perdido algures no politicamente correcto, e se terão esquecido do essencial. Peçam-me para respeitar as diferenças, mas não me peçam para meter no saco algumas das conquistas mais fundamentais, conseguidas ao longo de séculos, e à custa de muitas vidas, que a civilização ocidental alcançou: a liberdade de expressão e o respeito pelos direitos humanos para mencionar apenas dois. Eu sei que por cá também há violações dos direitos das mulheres. Mas por cá, bem ou mal, temos um sistema em permanente afinação, em relação ao qual podemos exprimir as opiniões que entendermos, que permite julgar e punir os autores desses abusos.

Cão de Guarda
Os comunitarismos, quem me conhece percebe isto melhor, irritam-me um bocado. A bem da verdade só gosto de utilizar a palavra "nós" para me referir a duas coisas: à minha família e ao meu Sporting; o resto é contingencial. Bom, seja como for, há comunitarismos e comunitarismos e o dos nossos amigos é sempre melhor que o dos outros. E, de resto, cada um é como cada qual. É por isso que recomendo o Cão de Guarda. Pela amizade. Pela Susana. Que são razões bem mais importantes que as pequenas e irrelevantes diferenças. Mas atenção, as pequenas e irrelevantes diferenças existem e, portanto, aqui fica o alerta para os que daqui navegarem para lá: aquilo está carregado de lampiões, cravos vermelhos e nostalgias revolucionárias. Assim, já sabem ao que vão. Em princípio, e por estas razões, não seria um lugar muito recomendável, mas quem, de entre vós, pode dizer sem mentir que um ou mesmo estes dois flagelos, o da esquerda e o do benfiquismo, não se abateu já sobre algum dos seus?! ;-)

Por falar em Ruralidade, 5 [Ecos dos Açores]

A minha amiga SC, a partir do Atlântico, reagiu à discussão sobre a ruralidade, cá vai o seu primeiro contributo:

Fica apenas uma impressão do teu primeiro post lido na transversal: depois daquela nossa conversa de urbanos em espaço rural, parece-me que estás a romantizar...que há muito mais qualidade de vida (enquanto preservação física, até), há, claro, mas quanto ao resto da temática...falta muito, falta o "supérfluo" J e falta a entourage social que nos faz inovar e ter vontade de fazer coisas, de criar com outros (claro que a criação é antes de mais um processo solitário...enfim...não vamos por aí). Mais. Faltam coisas de que nos alimentemos. E criá-las sozinho (ou recriá-las) não é fácil. Mas adiante.

Entretanto, o meu meio actual é interessante. Sendo cidade, não o é. É uma cidade que ainda não deixou totalmente de ser aldeia. É uma espécie de limbo. Falta-lhe a dinâmica urbana, que a própria cidade gera, sobra-lhe uma verdadeira inadaptação dos modos de vida ao novo espaço construído. Talvez por isso, às seis e meia da tarde estas ruas sejam um deserto.

Por falar em Ruralidade, 4
Pergunta inconveniente 1: Porque é que o mundo rural, repleto de Associações de Desenvolvimento Local e Regional e de IPSS, albergue, quiça, de milhares de licenciados em ciências sociais é, normalmente, descrito por professores universitários urbanos e da cidade e raramente por esses jovens licenciados que trabalham no terreno?

Pergunta inconveniente 2: Porque é que uma fatia muito significativa dos técnicos de desenvolvimento local (em meio dito rural) - pelo menos no Alentejo isso nota-se bem - são provenientes de Lisboa, contrastando com a relativa presença, nessas associações, de locais qualificados?

Por falar em Ruralidade, 3
Pergunta irrelevante: Ainda faz sentido uma disciplina chamada Sociologia Rural e Urbana?
Pergunta interessante: Quando se ouve falar da defesa dos interesses e na luta pela preservação do Mundo Rural, estamos a falar de quê?!

Pista: Já reparam que todas as soluções apresentadas para a promoção dos territórios onde, antes, dominava a ruralidade são soluções urbanas?

terça-feira, março 07, 2006

O "anel de sinete" da aristocracia bufa!
Como é que é possível que em 2006, em Portugal, ainda haja jovens recém-licenciados (e outros já não tão recém...), que a primeira coisa que fazem quando acabam os cursos (umas meras licenciaturas de qualidade duvidosa, ainda por cima) é espetar nos dedos os ilustres aneis de curso?! Num país onde falta gente arrojada, desassombrada, auto-confiante, continuamos a ter mais e mais "doutores". Sociologicamente - e até com uma ponta de comiseração - eu até compreendo o fenómeno. Mas o que não posso aceitar é que a Universidade não tenha sido capaz, em 4 anos, de deitar por terra essa tentação possidónia, arcaica e arcaizante. Como diz um amigo meu: não me espanta que tenham concluído o ensino superior, o que me espanta é que tenham concluído a 4ª classe.

Faz o que digo, não faças o que eu faço
Era uma vez um país muito engraçado, um país tão engraçado que as casas, como dizia a canção, não tinham portas, não tinham nada. Ora este país tinha um soberano moderno e bondoso que, numa linda manhã, a brincar no jardim, não fez o que a mamã lhe disse e definiu, como desígnio nacional, aquilo que ele designou choque tecnológico. A certa altura a mamã chamou-o e disse-lhe, outra vez, assim: "não brinques só a correr, escorregas sem querer, se cais ficas mal!" Respondeu "pronto, está bem!", depressa porém, esqueceu-se de tal. Não se lembra depois como foi, mas o dirigente nomeado para o Plano Tecnológico deu-lhe um pontapé. O Ministro fez birra porque queria que os meninos americanos brincassem no seu quintal. E, ninguém contou nada a ninguém, mas um instituto público que dirigia um programa de combate à info-exclusão tinha, num distrito ao sul do país, uma interlocutora privada de acesso à net!

Sobre os patetas da esquerda quando falam sobre a direita
A resposta inspirada de Alexandre Soares Silva: [a Direita] [é], like, tipo assim, uma tradição intelectual do ocidente - como a esquerda, só que com melhor estilo.
Com muito melhor estilo, devo acrescentar!

O adultério e a idade
Num estudo realizado no Reino Unido os jovens mostram-se mais intolerantes face ao adultério que todos os outros. A experiência (ou a falta dela) não deve ter nada a ver com isso!

segunda-feira, março 06, 2006

Um imposto do caralho!

PONTA SUL: E viva España!!!

Por falar em Ruralidade, 2
“Será que o conceito rural e urbano ainda fazem sentido?”, pergunta Carlos Arinto na caixa de comentários. Rural e Urbano são conceitos sociológicos, mas, como em praticamente tudo na Sociologia, a proximidade transforma os conceitos em barricadas de valor, onde por detrás de cada uma delas se arregimentam, doridos das suas dores e condoídos com o mal dos “seus”, os mais aguerridos exércitos da opinião e os mais violentos generais do life style. Caro Carlos, como o Fernando Rogério lhe respondeu, tudo o que assaca ao “Rural” pode encontrar na cidade. Mas, mais uma vez, e como referi no meu primeiro post sobre o tema, estamos a confundir as coisas. Estamos a confundir Cidade com Urbano e Campo – ou como lhe chama, “Província” – com Rural. No fundo estamos a confundir espaços físicos com tipologias sociais de vida. É que ao contrário da Cidade e do Campo, o Rural e o Urbano não são territórios, mas formas de vida social. Clarifiquemos, então, porque tenho estado a falar do tema sem, contudo, tornar claro o meu ponto. O que, no meu entender, caracteriza a Urbanidade é, por um lado, a mobilidade, e por outro a dimensão e a intensidade das conexões – notem que não falo em qualidade, mas em quantidade. A Ruralidade, por seu turno, é caracterizada pelo imobilismo e pela diminuta dimensão e baixa intensidade das conexões.
Parece pouco?

Numa coisa o Carlos parece ter razão: diz o Carlos que na Ruralidade “nem acreditar que se pode melhor” pode.

(Se a polémica e a discussão o justificarem, ainda cá voltaremos…)